21/02/2014

filigr@na

 


Rancho das quatro luas

Achei um verso na areia,
Dei pro meu bem como prova
De que, se o Amor pastoreia,
Acaba achando uma trova
Na lira da lua-cheia,
Na quadra da lua-nova.

Um verso resplandecente,
Mina de ouro de amante,
Pérola azul de pingente,
Pedra de anel de brilhante,
Aro de lua-crescente,
Colar de lua-minguante.

Verso comum de namoro,
Vestido de aristocrata,
Como filigrana de ouro
E monograma de prata.
Mas todo verso é um tesouro
Pra se fazer serenata.

Taí achado esse verso,
Achado um assim todo dia.
Trecho de vida, disperso,
Que a gente pega e copia.
Acho que todo universo
É um livro de poesia.

 
"Atabaques, violas e bambus" de paulo césar pinheiro editora record (2000)
 

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