vamos fazer uma pausa neste blog para reflectir...
realizar este blog tem sido:
terapêutico, enriquecedor, uma experiência pessoal surpreendente.
no entanto,
não está a compensar o gosto emocional que se tem tido,
em relação aos danos colaterais desta experiência.
as pessoas crescem, amadurecem, tornam-se adultas e pais de família.
não podemos viver na eterna adolescência da vida,
julgando que a vida está lá fora,
só com um pé dentro de casa.
mas, há um "eu" dentro de nós até ao fim da vida que gosta:
de ser improvável, da emoção, da surpresa, de contrariar a rotina,
do fora da caixa, do não ser geracionalmente correcto.
mas, existem circunstâncias na vida que nos fazem sentir:
- se vale a pena continuar com "esta brincadeira" do blog
(o qual expõe a casa, a família alguns hábitos e circunstancias do dia-a-dia)
embora seja esse o objectivo - demonstrar que tudo acontece de bom e de mau,
nesta casa que estará para venda,
até alguém se enamorar por ela.
- se vale a pena prosseguir com esta demanda de promover a venda da casa,
pois nunca tivemos o apoio de algum familiar, amigo ou conhecido.
tem sido como se estivéssemos a cometer um crime,
a nadar contra a corrente,
como se mudar ou arriscar fosse algo ambicioso,
ou como se renegássemos tudo o que conquistámos até hoje.
- se vale a pena nos convencermos
e tentar sensibilizar a família para uma mudança de radical de vida,
mesmo que isso implique a realização de um sonho pessoal
(isso será partilha? ou será somente egoísmo?)
- se vale a pena tentar sonhar sem ser apelidado de:
romântico / ambicioso / louco / mal agradecido
perante tudo o que a vida já nos deu.
- se vale a pena sentir o ar puro, as flores que crescem,
os pássaros (e)migrantes que já retornaram ao nosso país
ou um presente que não é mais que 1 sorriso que nos ilumina o dia.
- se vale a pena nos convencermos que amanhã
o dia até pode estar chuvoso
mas, com um olhar mais atento conseguimos ver beleza,
nas gotas que escorrem na vidraça da janela.
- se vale a pena descrever com alegria um mero pormenor,
se depois nos atribuem falta de lucidez e loucura natural.
- se vale a pena tentar resistir às dificuldades que nos surgem com mais:
um sorriso, uma conversa, um passeio, um deixa para lá que tudo vai ficar bem;
pois vem sempre alguém e dramatiza com os "e se"
atribuindo um drama final bem trágico a cada situação,
culpabilizando a nossa falta de acção.
- se vale a pena tentar ser feliz,
se nos estão sempre a prender os movimentos,
com atitudes ou silêncios que dizem mais do que palavras.
- se vale a pena tentar alimentar partilhas,
encurtar distâncias, aproveitar amizades
se encontramos discussões, disputas, discórdia ou frustrações.
não será melhor viver resignado
e deixar de pensar em sonhos e desejos,
somente aproveitando tudo o que já temos
e dar graças para que nunca nos falte???????
a felicidade estará no "a vida é mesmo assim" ?
para nós não está,
nem a vida TEM de ser assim.
...
capicua
(gravado na casa independente a 15 de novembro de 2012)
quero uma casa no campo como elis regina,
plantar os discos e os livros ,
e quem sabe uma menina,
por mim até podem ser mais,
um amor como os meus pais,
os dias como os demais,
sem serem todos iguais.
casa no campo com a porta sempre aberta para deixar entrar amigos,
partir à descoberta,
ter a minha cama grande a colcha predileta e um cão desobediente em cima da coberta.
quero uma casa completa
com um pedaço de terra,
e com o espaço quero o tempo para adormecer na relva,
longe da selva de cimento,
eu acrescento que quero cultivar mais do que mero conhecimento,
quero uma horta do outro lado da porta e quero a sorte de estar pronta quando a morte me colher,
quero uma porta do outro lado da morte,
ter porte de mulher forte quando a vida me escolher.
quero uma casa no campo que cheire a flores e frutos,
a gomas e sugus,
a doces e sumos,
cozinhar para quem quer comer,
comer como sei viver,
com apetite já disse que não quero emagrecer.
comer de colher sopa,
fazer pão,
estender a roupa,
eu faço pouco das bocas que me dizem para crescer,
eu quero rasgar janelas nas paredes cujas pedras
carregar com as mãos que uso para escrever.
casa no campo com lareira e fogo brando,
que ilumina todo o ano,
o sorriso de quem amo,
quero uma casa no campo que pode ser na cidade,
mas tem de ser de verdade,
mesmo não tendo morada…
onde é que aprendeste o que é o infinito ?
foi na contra-capa de um livro da Anita
diz-me qual é o teu perfume favorito ?
pão quente, terra molhada e manjerico
( 3x )
anda viver comigo
colamos o nosso umbigo
e não passaremos frio
no nosso lugar distante
(2x)
como um filho, como um disco, como um livro, uma ave
plantar os discos e os livros ,
e quem sabe uma menina,
por mim até podem ser mais,
um amor como os meus pais,
os dias como os demais,
sem serem todos iguais.
casa no campo com a porta sempre aberta para deixar entrar amigos,
partir à descoberta,
ter a minha cama grande a colcha predileta e um cão desobediente em cima da coberta.
quero uma casa completa
com um pedaço de terra,
e com o espaço quero o tempo para adormecer na relva,
longe da selva de cimento,
eu acrescento que quero cultivar mais do que mero conhecimento,
quero uma horta do outro lado da porta e quero a sorte de estar pronta quando a morte me colher,
quero uma porta do outro lado da morte,
ter porte de mulher forte quando a vida me escolher.
quero uma casa no campo que cheire a flores e frutos,
a gomas e sugus,
a doces e sumos,
cozinhar para quem quer comer,
comer como sei viver,
com apetite já disse que não quero emagrecer.
comer de colher sopa,
fazer pão,
estender a roupa,
eu faço pouco das bocas que me dizem para crescer,
eu quero rasgar janelas nas paredes cujas pedras
carregar com as mãos que uso para escrever.
casa no campo com lareira e fogo brando,
que ilumina todo o ano,
o sorriso de quem amo,
quero uma casa no campo que pode ser na cidade,
mas tem de ser de verdade,
mesmo não tendo morada…
onde é que aprendeste o que é o infinito ?
foi na contra-capa de um livro da Anita
diz-me qual é o teu perfume favorito ?
pão quente, terra molhada e manjerico
( 3x )
anda viver comigo
colamos o nosso umbigo
e não passaremos frio
no nosso lugar distante
(2x)
como um filho, como um disco, como um livro, uma ave
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